Operação no Rio supera massacre do Carandiru em número de mortos
Até então, a chacina na Casa de Detenção era considerada a ação policial mais letal da história brasileira
Por Redação 100.9
29 de Outubro de 2025 às 15:03
A operação policial realizada na terça-feira (28/10) contra a facção Comando Vermelho, nos Complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, entrou para a história como a mais letal da cidade e do século 21 no Brasil. Com mais de 100 mortos, o episódio supera até o massacre do Carandiru, ocorrido em 1992, que era reconhecido por organizações de direitos humanos como a maior chacina registrada em ações policiais no país.
De acordo com informações divulgadas pelas forças de segurança fluminenses na tarde desta quarta-feira (29/10), o número de mortos é de 119. No entanto, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) aponta que ao menos 132 pessoas perderam a vida, entre elas quatro policiais — dois militares e dois civis.
O massacre do Carandiru, que havia sido até então o maior do Brasil, resultou na morte de 111 presos durante uma intervenção da Polícia Militar de São Paulo para controlar uma rebelião na Casa de Detenção.
Enquanto o confronto em São Paulo foi desencadeado por uma rebelião, a ação no Rio visou desmantelar a estrutura do Comando Vermelho, facção responsável pelo tráfico e controle de áreas na capital. Até o momento, a Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCERJ) informou que 113 pessoas foram presas durante a operação.
Até a realização desta megaoperação no Rio, a chacina do Carandiru era considerada a mais grave ação policial em termos de número de mortos, segundo órgãos de direitos humanos. Vale lembrar que, em 2024, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) extinguiu as penas dos 74 policiais militares condenados pela execução de 77 detentos durante o massacre, seguindo um decreto de indulto assinado pelo então presidente Jair Bolsonaro, em 2022.
Corpos em exibição pública
Na madrugada desta quarta-feira (29/10), moradores do Complexo da Penha levaram 72 corpos até a Praça São Lucas, dentro da comunidade. De acordo com testemunhas, os cadáveres foram encontrados em áreas de mata nos complexos da Penha e do Alemão, locais de confronto durante a operação.
Relatos indicam que alguns dos corpos mostram sinais de tiros, facadas nas costas e ferimentos nas pernas. As vítimas estavam dispostas na praça, cercadas por amigos e familiares que tentavam realizar o reconhecimento, uma vez que as autoridades ainda não haviam fornecido informações oficiais sobre as identidades dos mortos.
Veja fileira de corpos:
Declaração do governo
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), afirmou que os quatro policiais mortos durante a operação foram vítimas de "narcoterroristas". Castro classificou a operação como um marco histórico no enfrentamento ao crime organizado no estado.
“O governo não permitirá que ministros ou secretários usem esse momento para transformar a situação em uma batalha política", afirmou o governador.
Organizações de direitos humanos têm solicitado transparência nas investigações sobre as mortes e exigem uma apuração aprofundada para averiguar possíveis execuções. Por outro lado, o governo do Rio sustenta que a operação teve como alvo facções criminosas e foi um "golpe duro" contra o tráfico de drogas na região.
Reforço no policiamento
Após a operação, o governo do Rio anunciou um aumento no efetivo policial nas ruas. Agentes administrativos da Polícia Militar foram realocados para reforçar o patrulhamento nas principais áreas da cidade, resultando em um aumento de mais de 40% no efetivo nas ruas. O foco da ação será nas vias expressas, zonas norte e sudoeste, além dos acessos à Região Metropolitana e ao sistema de transporte público.