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IA poderá detectar câncer de laringe apenas pela voz, aponta novo estudo
Tecnologia pode identificar alterações nas pregas vocais em estágios iniciais da doença, oferecendo diagnóstico mais rápido e menos invasivo
Por Redação 100.9
12 de Agosto de 2025 às 16:15
Um estudo recente realizado por pesquisadores da Oregon Health & Science University, nos Estados Unidos, aponta que a inteligência artificial pode ser uma aliada promissora no diagnóstico precoce do câncer de laringe. Segundo os autores, a tecnologia foi capaz de identificar alterações nas pregas vocais a partir de simples gravações de voz, abrindo caminho para métodos de detecção mais acessíveis e menos invasivos do que os exames atualmente utilizados.
O câncer de laringe é considerado um problema de saúde pública mundial, afetando mais de um milhão de pessoas. Em 2021, foram registrados cerca de 1,1 milhão de casos e aproximadamente 100 mil mortes. Entre os principais fatores de risco estão o tabagismo, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas e infecções por HPV (papilomavírus humano).
Hoje, o diagnóstico da doença geralmente exige exames como videoendoscopia e biópsia — procedimentos considerados invasivos e, muitas vezes, de difícil acesso para boa parte da população. O tempo até o diagnóstico pode comprometer o sucesso do tratamento e reduzir as chances de sobrevida. Nesse contexto, a tecnologia baseada em IA surge como uma alternativa inovadora e promissora.
Voz como ferramenta de diagnóstico
O estudo, publicado nesta segunda-feira (11/8) na revistaFrontiers in Digital Health, investigou a relação entre características acústicas da fala e a presença de lesões nas pregas vocais, que podem ser benignas (como nódulos e pólipos) ou malignas, como no caso do câncer em seus estágios iniciais.
Para a análise, os cientistas utilizaram o banco de dados do projeto Bridge2AI-Voice, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Saúde dos EUA. Foram examinadas 12.523 gravações de voz de 306 voluntários da América do Norte, incluindo pacientes diagnosticados com câncer, pessoas com lesões benignas e participantes sem qualquer distúrbio vocal.
Entre os parâmetros avaliados estavam o tom médio da voz, variações de tom (jitter), flutuações na amplitude (shimmer) e a chamada relação harmônico-ruído — um índice que avalia a proporção entre os sons harmônicos e os ruídos presentes na fala.
Resultados promissores, principalmente entre os homens
Os dados revelaram que, entre os homens participantes, havia diferenças significativas na frequência fundamental da voz e na relação harmônico-ruído entre os grupos analisados. Isso indica que padrões específicos na voz podem estar ligados a alterações nas pregas vocais, o que pode permitir a identificação precoce de casos suspeitos de câncer.
Por outro lado, entre as mulheres, não foram observadas diferenças acústicas tão marcantes entre os grupos. Segundo os pesquisadores, isso pode estar relacionado ao número reduzido de participantes do sexo feminino na amostra. Eles afirmam que estudos futuros com um volume maior de dados podem ajudar a esclarecer se há padrões semelhantes também entre mulheres.
A equipe destaca que a relação harmônico-ruído se mostra como um possível biomarcador vocal relevante para monitorar a evolução de lesões e auxiliar na triagem precoce do câncer de laringe, especialmente em pacientes do sexo masculino.
Próximos passos da pesquisa
O próximo objetivo dos cientistas é ampliar o banco de dados, com foco na inclusão de mais gravações femininas, e começar a testar os algoritmos em ambientes clínicos reais. A expectativa é que, dentro dos próximos dois anos, ferramentas baseadas nessa tecnologia entrem em fase de testes piloto em unidades de saúde.
Caso a tecnologia avance com sucesso, ela poderá se tornar um recurso acessível e não invasivo para o rastreamento vocal de alterações suspeitas — reduzindo custos, encurtando o tempo até o diagnóstico e salvando vidas por meio da detecção precoce.