Putin elogia Trump e abre possibilidade de novo acordo nuclear entre Rússia e EUA

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, fez declarações elogiosas ao presidente americano Donald Trump nesta quinta-feira (14), reconhecendo seus "esforços sinceros" em busca de uma solução para o conflito na Ucrânia. O líder russo também sinalizou que Moscou e Washington poderiam caminhar para um novo entendimento sobre o controle de arsenais nucleares, tema que deve estar no centro da reunião marcada entre os dois nesta sexta-feira (15), no Alasca.

Durante um encontro no Kremlin com autoridades civis e militares do alto escalão russo, Putin apresentou atualizações sobre as negociações com os Estados Unidos em torno da guerra na Ucrânia, bem como os contatos diplomáticos mantidos com Kiev.

Putin também destacou que as conversas com os EUA visam estabelecer "condições de paz a longo prazo entre nossos países, na Europa e no mundo como um todo", desde que seja possível avançar em acordos relativos às "armas ofensivas estratégicas (nucleares)" nos próximos estágios do diálogo.

A expectativa em torno do encontro entre Putin e Trump é alta, especialmente considerando que ambos os países detêm os maiores arsenais nucleares do planeta. O último tratado em vigor, o Novo Tratado de Redução de Armas Estratégicas (New START), expira em 5 de fevereiro de 2026, e sua renovação ou substituição ainda é incerta.

Embora não haja sinais concretos de que o encontro no Alasca possa encerrar o conflito na Ucrânia — que caminha para o seu quarto ano —, Putin parece tentar conquistar a simpatia do republicano por meio de promessas de cooperação econômica e possíveis incentivos financeiros, uma linguagem que costuma ter apelo junto ao ex-presidente americano.

Em contrapartida, Trump já alertou que poderá impor sanções severas caso a Rússia não avance rumo a um cessar-fogo. Mesmo assim, Putin mantém firme sua posição: não abrirá mão das exigências que considera essenciais para qualquer trégua.

Segundo o assessor presidencial russo, Yuri Ushakov, a reunião também deve abordar "a cooperação bilateral, inclusive nas esferas comercial e econômica", que, nas palavras do diplomata, "tem um potencial enorme e, infelizmente, inexplorado até o momento".

Para sublinhar a disposição de Moscou em fortalecer laços comerciais, Putin viajará ao Alasca acompanhado de sua equipe econômica, incluindo o ministro das Finanças, Anton Siluanov, que lidera os esforços do país para contornar as sanções impostas pelo Ocidente.

No entanto, o Kremlin estabelece condições rígidas para aceitar uma trégua mais duradoura: a Ucrânia teria que abandonar sua intenção de integrar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), reconhecer a soberania russa sobre os territórios de Luhansk e Donetsk — anexados ilegalmente em 2022 — e aceitar um processo de desmilitarização.

Kiev, por sua vez, rejeita integralmente essas exigências. Apesar da perda de parte de Luhansk, a Ucrânia ainda mantém o controle de grandes áreas de Donetsk e insiste em manter sua soberania e integridade territorial.