ONU classifica ataques dos EUA no Caribe como “execuções extrajudiciais”
Organização afirma que ações militares violam normas internacionais e o direito à vida
17 de Setembro de 2025 às 16:07
Em nota divulgada nesta quarta-feira (17), o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OHCHR) criticou severamente os recentes ataques militares dos Estados Unidos contra embarcações no mar do Caribe. Segundo especialistas da entidade, as ações norte-americanas se configuram como “execuções extrajudiciais” e ferem diretamente o direito internacional.
Os ataques fazem parte da chamada guerra contra o “narcoterrorismo”, intensificada durante o governo de Donald Trump. De acordo com o comunicado da ONU, as ações armadas, sem o devido processo legal, infringem o princípio fundamental do direito à vida.
“O direito internacional não permite que governos simplesmente assassinem supostos traficantes de drogas. Atividades criminosas devem ser interrompidas, investigadas e processadas em conformidade com o Estado de Direito, inclusive por meio da cooperação internacional”, afirmaram os especialistas da ONU.
Uso da força e legalidade internacional
A ONU reiterou que a legislação internacional proíbe o uso unilateral da força em território estrangeiro para combater crimes transnacionais, como o tráfico de drogas ou o terrorismo. Ainda segundo o OHCHR, tais operações devem ocorrer com base em acordos multilaterais e mecanismos legais internacionais.
Ações visam Venezuela, diz ONU
A ofensiva norte-americana também vem sendo direcionada contra alvos ligados à Venezuela. Um dos focos principais da ação militar é o grupo Tren de Aragua, que Washington afirma ter ligações com operações de narcotráfico nos Estados Unidos. No entanto, a ONU questiona a veracidade dessas alegações.
Para o organismo internacional, faltam provas concretas que sustentem as acusações, e o uso desses grupos como justificativa para ações militares representa uma escalada perigosa. A nota também expressa preocupação com a ofensiva contra o suposto cartel de Los Soles, que, segundo autoridades dos EUA, seria liderado pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro.
A ONU vê com apreensão o fato de Washington ter incluído esses grupos em sua lista de organizações terroristas, o que, na prática, permite a ampliação de operações militares em outros países. Segundo o OHCHR, essa designação pode abrir caminho para que o poder bélico norte-americano seja utilizado contra governos estrangeiros.
Barcos destruídos e mortes não explicadas
Desde o início da campanha contra o que Trump chama de “narcoterrorismo” no Caribe, os Estados Unidos confirmaram a destruição de três embarcações que estariam transportando drogas da Venezuela em direção ao território norte-americano.
De acordo com as autoridades americanas, os ataques resultaram na morte de 14 pessoas. A operação foi realizada por navios de guerra e caças F-35 da frota dos EUA, que atualmente patrulha áreas próximas à costa venezuelana.
No entanto, até o momento, o governo dos Estados Unidos não forneceu informações detalhadas sobre os barcos atingidos, nem esclareceu a natureza ou quantidade das supostas drogas apreendidas
