Arroz e Feijão: Alimentação Tradicional Brasileira Reduz Riscos de Doenças, Indica Estudo

Um estudo recente conduzido por pesquisadores de diversas universidades, incluindo a Fiocruz e a Universidade de São Paulo (USP), revelou que manter uma alimentação baseada em arroz, feijão e alimentos frescos pode ser fundamental para a saúde e a prevenção de doenças crônicas. A pesquisa, publicada em 16 de outubro, faz parte do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil), que reuniu dados de mais de 15 mil participantes de diferentes estados brasileiros.

Os pesquisadores descobriram que a combinação de arroz e feijão, típica da culinária brasileira, traz benefícios significativos para o controle do peso e da gordura corporal. A alimentação rica em vegetais frescos, frutas, castanhas e peixes também se mostrou eficaz na redução do risco de doenças crônicas ao longo do tempo. O estudo revela, ainda, que uma alimentação mais tradicional contribui para a manutenção de um corpo saudável.

Por outro lado, o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, como refrigerantes, sucos industrializados e salgadinhos, tem um efeito contrário. As análises indicaram que quem consome esses produtos em excesso tem um risco aumentado de desenvolver doenças como hipertensão, diabetes e síndrome metabólica. Segundo o levantamento, quem ingere um copo médio de refrigerante por dia tem até 23% mais chances de sofrer com essas condições.

Além dos refrigerantes, os pesquisadores destacaram os efeitos prejudiciais dos ultraprocessados à saúde. Quem aumentou o consumo diário desses produtos em 10% teve um risco 10% maior de morte por qualquer causa e 11% maior de falecer por doenças crônicas. A relação entre esses alimentos e o aumento de casos de depressão também foi observada, reforçando os perigos associados a dietas desequilibradas.

A pesquisa também trouxe à tona o impacto negativo do consumo excessivo de sal. O estudo apontou que a média de ingestão de sal entre os participantes foi de 11 gramas por dia, mais do que o dobro da quantidade recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, o consumo de álcool segue como um desafio. Aproximadamente metade dos participantes relatou consumir bebidas alcoólicas regularmente, com destaque para a cerveja entre os homens e o vinho entre as mulheres. O excesso de álcool foi associado ao aumento de risco de hipertensão, obesidade abdominal e níveis elevados de triglicerídeos.

Entre os hábitos alimentares saudáveis, o estudo identificou benefícios do consumo moderado de café e laticínios. Quem consumiu de duas a três xícaras pequenas de café por dia teve menor risco de diabetes, hipertensão e ainda um desempenho cognitivo mais elevado em pessoas com mais de 65 anos. Já o consumo de laticínios, principalmente os desnatados, foi associado à redução da pressão arterial e à melhoria da saúde cardiovascular. Aqueles que ingeriram mais laticínios apresentaram 64% menos risco de falecer por doenças cardíacas.

Com base nos resultados, os pesquisadores destacaram a importância de políticas públicas que incentivem uma alimentação saudável e a redução do consumo de produtos ultraprocessados, álcool e sal. As orientações para o dia a dia incluem a preferência por alimentos frescos, o consumo moderado de café e laticínios e a manutenção do tradicional prato de arroz e feijão como base da alimentação. Essas práticas alimentares não apenas contribuem para a saúde a longo prazo, mas também são uma forma de preservar a cultura alimentar do Brasil.