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Novo planeta com possibilidade de conter água líquida é identificado próximo à Terra
Sistema L 98-59, a apenas 35 anos-luz, abriga cinco mundos rochosos; um deles pode ter características semelhantes às da Terra
Por Redação 100.9
29 de Julho de 2025 às 16:20
Um grupo de astrônomos da Universidade de Montreal, no Canadá, anunciou a descoberta de um planeta fora do Sistema Solar com chances reais de conter água em estado líquido — um dos principais indicativos de habitabilidade. Esse exoplaneta faz parte do sistema estelar L 98-59, situado a cerca de 35 anos-luz da Terra, e orbita uma estrela anã vermelha.
A identificação do planeta, agora denominado L 98-59 f, foi possível graças à reavaliação de dados obtidos por instrumentos de alta precisão. De acordo com os cientistas, esse mundo é classificado como uma super-Terra, com massa estimada em cerca de 2,8 vezes a da Terra. Sua órbita se encontra na chamada “zona habitável”, a região ao redor da estrela onde as condições térmicas são compatíveis com a presença de água líquida.
“Encontrar um planeta temperado em um sistema tão compacto torna esta descoberta particularmente empolgante. Ela destaca a notável diversidade de sistemas exoplanetários e fortalece a necessidade de estudar mundos potencialmente habitáveis em torno de estrelas de baixa massa”, afirmou Charles Cadieux, principal autor da pesquisa.
Cinco mundos rochosos
Com essa nova confirmação, o sistema L 98-59 passa a contar com cinco planetas. Os três primeiros foram detectados em 2019 com o auxílio do satélite TESS, da NASA. O quarto planeta foi revelado por medições de velocidade radial, utilizando o espectrógrafo Espresso, no Chile. Já o quinto — o potencialmente habitável — foi identificado ao se combinar esses dados com observações feitas pelo telescópio espacial James Webb.
Todos os planetas do sistema têm tamanhos e massas semelhantes aos da Terra. O menor deles, localizado mais próximo da estrela, possui apenas 84% do diâmetro terrestre e aproximadamente metade de sua massa, figurando entre os exoplanetas mais leves já analisados com precisão.
Os dois planetas mais internos do sistema podem estar sujeitos a intensa atividade vulcânica, provocada por efeitos gravitacionais da estrela. Já um planeta na região intermediária surpreende pela sua baixa densidade, o que sugere a presença significativa de água em sua composição.
“Com sua diversidade de mundos rochosos e variedade de composições planetárias, L 98-59 oferece um laboratório único para abordar algumas das questões mais urgentes da área: do que são feitas as super-Terras e os sub-Netunos? Os planetas se formam de maneira diferente ao redor de estrelas pequenas? Planetas rochosos ao redor de anãs vermelhas podem reter atmosferas ao longo do tempo?”, questiona René Doyon, professor da Universidade de Montreal e diretor do Instituto de Pesquisa sobre Exoplanetas (IREx).
O papel do telescópio James Webb
O avanço nas observações só foi possível graças ao Telescópio Espacial James Webb (JWST), considerado a mais sofisticada ferramenta atualmente disponível para exploração do universo. Desenvolvido pela NASA em parceria com as agências espaciais da Europa (ESA) e do Canadá (CSA), o Webb opera a mais de um milhão de quilômetros da Terra, em uma posição privilegiada para captar sinais fracos de corpos celestes distantes.
Seu objetivo vai além da simples detecção de planetas: ele busca responder questões fundamentais sobre a origem do universo, a formação de galáxias e estrelas, a existência de buracos negros e, claro, a possibilidade de vida fora do nosso planeta.
O que vem a seguir
Com a recente descoberta, o sistema L 98-59 se torna um dos principais alvos de futuras pesquisas dedicadas à análise atmosférica de exoplanetas. A relativa proximidade da estrela e o tamanho reduzido dos planetas tornam esse sistema ideal para investigar a presença de moléculas como vapor d’água, dióxido de carbono e até sinais químicos que possam estar associados à vida.
