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Polícia investiga possível envolvimento de agentes públicos em assassinato de ex-delegado
Suspeitas surgem após análise de imagens que mostram ação coordenada de criminosos na execução de Ruy Ferraz Fontes
Por Redação 100.9
16 de Setembro de 2025 às 15:17
As investigações sobre o assassinato do ex-delegado-geral de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, ocorrido na noite da última segunda-feira (15/9), na cidade de Praia Grande, litoral sul do estado, apontam para a possibilidade de participação de agentes públicos no crime. A hipótese, embora ainda tratada com cautela, ganhou força após a análise de imagens que registraram a execução do ex-policial, que também ocupava o cargo de secretário de Administração do município.
Fontes foi morto a tiros em uma emboscada armada na Avenida Roberto de Almeida Vinhas, na Vila Mirim. As imagens de uma câmera de segurança mostram o ex-delegado sendo perseguido por um veículo até colidir com um ônibus e capotar. Em seguida, três homens encapuzados descem de outro carro. Dois deles disparam dezenas de tiros contra o veículo capotado, enquanto o terceiro faz uma espécie de contenção. Logo após a ação, os criminosos retornam ao automóvel e fogem.
Ao todo, mais de 20 disparos foram efetuados. Ruy Ferraz morreu na hora. Outras duas pessoas que estavam próximas ao local acabaram feridas nas pernas, mas não correm risco de morte.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo informou que, até o momento, nenhuma linha de investigação está descartada. Internamente, a Polícia Civil avalia a possibilidade de envolvimento de membros das forças de segurança na execução, diante da forma organizada e precisa da ação criminosa — o que indicaria conhecimento operacional.
As características do ataque fizeram com que o crime fosse comparado, nos bastidores da corporação, à morte do corretor de imóveis Vinícius Gritzbach, assassinado em 2022 com dez tiros de fuzil no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Na ocasião, três policiais militares foram apontados como executores contratados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), organização criminosa que também aparece como suspeita na morte de Ruy Ferraz.
Inimigos dentro e fora da corporação
Ruy Ferraz Fontes foi, por muitos anos, um dos principais nomes do combate ao crime organizado no estado. Ele foi o primeiro delegado a investigar o PCC nos anos 2000 e teve papel fundamental na transferência de lideranças da facção, como Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, para presídios federais de segurança máxima.
Além de seu histórico de confronto com o crime organizado, Fontes acumulava desavenças dentro da própria Polícia Civil. Já em sua função mais recente, como secretário de Administração de Praia Grande, também pode ter contrariado interesses locais, segundo avaliam investigadores.
“Ainda é prematuro chegar a qualquer conclusão”, disseram fontes ligadas à força-tarefa que apura o caso. “Não se pode descartar nenhuma hipótese”.
Um dos elementos que pode ajudar a elucidar o caso é um veículo utilizado pelos criminosos — um Jeep Renegade — que foi encontrado abandonado nas proximidades do local do crime. O carro havia sido roubado anteriormente na capital paulista e está sendo periciado.
PCC ou motivação política?
Entre os principais focos da investigação estão a hipótese de vingança do PCC e a possibilidade de o crime ter ligação com a atual atividade de Ruy Ferraz na administração municipal. A cúpula da SSP não descarta que os dois fatores estejam interligados, com a participação tanto de criminosos quanto de agentes públicos.
A força-tarefa dedicada ao caso segue reunindo informações e cruzando dados para tentar identificar os autores do atentado. O crime chocou o meio policial e reacendeu o alerta sobre o alcance e a ousadia das ações encomendadas pelo crime organizado em São Paulo.